Euphorbiaceae

Croton cajucara Benth.

Como citar:

Gláucia Crispim Ferreira; Mário Gomes. 2020. Croton cajucara (Euphorbiaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

3.663.349,834 Km2

AOO:

212,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Espécie não endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). No Brasil, apresenta a seguinte distribuição: ACRE, Tarauacá. AMAZONAS, Barcelos, Manaus e Tefé. MARANHÃO, Bequimão, Bom Jardim, Buriticupu, Cândido Mendes, Carutapera, Chapadinha, Coroatá, Lago do Junco, Monção, Monção, Pinheiro, Santa Luzia e São Luís. MATO GROSSO, Nova Ubiratã. PARÁ, Abaetetuba, Almeirim, Belém, Belterra, Bragança, Cachoeira do Arari, Capanema, Capitão Poço, Colares, Jacundá, Nova Ipixuna, Oriximiná, Parauapebas, Peixe-Boi, Portel, Santarém e Serra dos Carajás. RONDÔNIA, Ariquemes, Cerejeiras, Porto Velho e Vilhena. RORAIMA, Alto Alegre, Boa Vista e Cantá.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Gláucia Crispim Ferreira
Revisor: Mário Gomes
Categoria: LC
Justificativa:

Árvore não endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Popularmente conhecida por sacaquinha, cajussara, marassacaca e sacaca na região Norte, foi coletada em Área antrópica, Floresta Ciliar e/ou de Galeria e Floresta de Terra-Firme associadas a Amazônia nos estados do Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima. Apresenta distribuição ampla, EOO=2971620 km², constante presença em herbários, inclusive com coleta recente, e ocorrência confirmada dentro dos limites de Unidades de Conservação de proteção integral e em áreas onde ainda predominam na paisagem extensões significativas de ecossistemas florestais em estado prístino de conservação. A espécie ocorre em múltiplas fitofisionomias de forma frequente na maior parte das localidades em que foi registrada. Adicionalmente, não existem dados sobre tendências populacionais que atestem para potenciais reduções no número de indivíduos maduros, além de não serem descritos usos potenciais ou efetivos que comprometam sua perpetuação na natureza. Assim, foi considerada como Menor Preocupação (LC), demandando ações de pesquisa (distribuição, tendências e números populacionais) a fim de se ampliar o conhecimento disponível e garantir sua sobrevivência na natureza.

Último avistamento: 2018
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Desconhecido

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Hooker's J. Bot. Kew Gard. Misc. 6: 376, 1854. Popularmente conhecida como sacaquinha, cajussara, marassacaca e sacaca na região Norte (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). As informações da espécie foram validadas pelo especialista através do questionário (Sabrina Queiroz de Farias, comunicação pessoal, 2020).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Amazônia
Vegetação: Área antrópica, Floresta Ciliar e/ou de Galeria, Floresta de Terra-Firme
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 14.5 Urban Areas

Ameaças (1):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming habitat past,present,future regional very high
A floresta amazônica perdeu 17% de sua cobertura florestal original, 4,7% somente entre 2000 e 2013, principalmente devido à atividades oriundas da pecuária extensiva (Charity et al., 2016). O aumento do desmatamento entre 2002-2004 foi, principalmente, resultado do crescimento do rebanho bovino, que cresceu 11% ao ano de 1997 até o nível de 33 milhões em 2004, incluindo apenas aqueles municípios da Amazônia com florestas de dossel fechado compreendendo pelo menos 50% de sua vegetação nativa (Nepstad et al., 2006). Segundo Nepstad et al. (2006) a indústria pecuária da Amazônia, responsável por mais de dois terços do desmatamento anual, esteve temporariamente fora do mercado internacional devido a presença de febre aftosa na região. Contudo, o status de livre de febre aftosa conferido a uma grande região florestal (1,5 milhão de km²) no sul da Amazônia seja, talvez, a mudança mais importante que fortaleceu o papel dos mercados na promoção da expansão da indústria pecuária na Amazônia (Nepstad et al., 2006).
Referências:
  1. Nepstad, D.C., Stickler, C.M., Almeida, O.T., 2006. Globalization of the Amazon Soy and Beef Industries: Opportunities for Conservation. Conserv. Biol. 20, 1595–1603. https://doi.org/10.1111/j.1523-1739.2006.00510.x

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada nas seguintes Unidades de Conservação: Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (US), Área de Proteção Ambiental da Região Metrolpolitana de Belém (US), Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses (US), Área de Proteção Ambiental do Arquipélago do Marajó (US), Área de Proteção Ambiental do Lago de Tucurui (US), Estação Ecológica de Maracá (PI), Floresta Estadual do Paru (US), Floresta Nacional de Carajás (US), Floresta Nacional de Caxiuanã (US), Parque Estadual do Bacanga (PI), Parque Nacional do Jaú (PI), Reserva Extrativista Alto Tarauacá (US).
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Território Marabá - 1 (PA), Território Manaus - 4 (AM).

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
3. Medicine - human and veterinary natural leaf
A folha e a casca do caule dessa planta são utilizadas na forma de chá, para o tratamento de diabetes, diarréia, malárias, febres, distúrbios gastrointestinais, renais, hepáticos e no controle de níveis elevados de colesterol (Costa et al 1989). O óleo essencial é amplamente utilizado na indústria cosmética, além de possuir ação antiulcerogênica (Hiruma-Lima et al. 2002, Souza-Brito et al. 1998), antiinflamatória (Carvalho et al. 1996) e antitumoral (Grynberg et al. 1999) (Sabrina Queiroz de Farias, comunicação pessoal, 2020).
Referências:
  1. Perazzo, F.F., Carvalho, J.C.T., Rodrigues, M., Morais, E.K.L., Maciel, M.A.M., 2007. Comparative anti-inflammatory and antinociceptive effects of terpenoids and an aqueous extract obtained from Croton cajucara Benth. Rev. Bras. Farmacogn. 17, 521–528. https://doi.org/10.1590/S0102-695X2007000400008
  2. Hiruma-Lima, C.A., Gracioso, J.S., Bighetti, E.J.B., Grassi-Kassisse, D.M., Nunes, D.S., Souza Brito, A.R.M., 2002. Effect of essential oil obtained from Croton cajucara Benth. on gastric ulcer healing and protective factors of the gastric mucosa. Phytomedicine 9, 523–529. https://doi.org/10.1078/09447110260573155
  3. Souza Brito, A.R.M., Rodríguez, J.A., Hiruma-Lima, C.A., Haun, M., Nunes, D.., 1998. Anti-ulcerogenic activity of dehydrocrotonin, a diterpene isolated from Croton cajucara Benth. Planta Med 64, 126–129.
  4. J.C.T., Carvalho, M.F.C., Silva, M.A.M., Maciel, A.C., Pinto, D.S., Nunes, R.M., Lima, J.K., Bastos, S.J., Sarti, 1996. Investigation of anti-inflammatory and antinociceptive activities prototype of trans-dehydrocrotonin, a 19-nor-clerodane diterpene from Croton cajucara. Part 1.No Title. Planta Med 62, 402–404.
  5. Grynberg, N.F., Echevarria, A., Lima, J.E., Pamplona, S.S.R., Pinto, A.C., Maciel, M.A.M., 1999. Anti-Tumour Activity of Two 19-Nor-clerodane Diterpenes, trans-Dehydrocrotonin and trans-Crotonin, from Croton cajucara. Planta Med. 65, 687–689. https://doi.org/10.1055/s-1999-14042